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«Devem estar presentes e unidos para fazer do Leixões o grande clube que sempre foi»

Por: LSC   |   25-04-2020  |  Clube   |  
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Esta semana, o leixoessc.pt esteve à conversa com Abílio, antigo capitão e treinador leixonense, ele que marcou uma das páginas mais bonitas da história do nosso clube.

Abílio António Gomes Novais, nascido a 24 de Junho de 1967, natural de Vila Nova de Gaia, representou o Leixões entre 1986 - 1989 e 2001-2003 como jogador, tendo também desempenhado a função de treinador entre 2002 e 2004.

Abílio, como foi a sua entrada no futebol?
Começei a jogar futebol como infantil na minha freguesia, S.Pedro da Afurada. Depois fiz a minha formação no Grupo Desportivo do Candal e nos juniores do F.C.Porto. Já como senior, Oliveirense e União de Lamas, antes de ingressar no Leixões.

Chegou ao Leixões em 1986, como relembra esses tempos no nosso clube?
Tempos muito bons... logo na minha primeira época subimos de divisão, um feito que não acontecia há já muitos anos. Tínhamos grandes atletas, um grande grande grupo com o Mister João Alves na liderança. No jogo da consagração, com o Paços de Ferreira, no estádio do Mar, com as bancadas a rebentar pelas costuras, foi uma alegria imensa.

Passou depois por Porto, Salgueiros, Belenenses, Campomaiorense e Aves, antes de regressar novamente ao clube do Mar. Esperava, aos 34 anos ainda ter os sucessos que conseguiu com este símbolo ao peito?
Sabe... sempre fui homem de desafios, e quando me fizeram o convite, na altura pelo Mister Carlos Carvalhal, juntamente com o Presidente José Manuel Teixeira, nem sequer olhei para trás. Sempre fui um atleta confiante e sabia que ia ter sucesso, como assim veio a acontecer.


Aquele livre em Braga, abriu o caminho do Jamor, naquela noite de 21 de Fevereiro de 2002. O que pensou antes e depois da cobrança?
O que sempre pensava quando me preparava para bater um livre. Confiante que ia fazer golo. A preocupação foi dizer aos meus colegas que ainda faltava algum tempo, antes que o sonho se concretizasse.

Seguiu-se a final da Taça de Portugal, faltou-nos uma “pontinha”de sorte para conseguirmos erguer o troféu? Que recordações tem desse jogo? Esperava mais de 16 mil adeptos leixonenses nas bancadas?
Foi um prémio para toda a equipa, estrutura, mas essencialmente para os adeptos deste grande Clube. Foi fantástico ver tanta gente do Leixões. Tivemos pena de não ter conseguido trazer o «caneco» para Matosinhos, pois era inteiramente merecido. Fomos melhores que o Sporting, faltou-nos essa pontinha de sorte que é sempre necessário.


Nova época, com a presença nas competições europeias. Empate em casa frente ao Belasica, depois de estar em desvantagem por dois golos e vitória na Macedónia. Poucos, mas bons, foram os leixonenses que se deslocaram a Belasica. Quer-nos contar um pouco como foi?
Começamos mal mas conseguimos empatar. Foi complicado... viagem grande e cansativa. Era de facto, um país muito pobre. Lembro que levamos comida e um cozinheiro, tivemos que dormir três e quatro atletas em cada quarto porque havia jornalistas, e gente do Leixões que não tinham onde dormir, mas valeu a pena o sacríficio.

Seguiu-se a receção ao PAOK da grécia em que o super-favorito sucumbiu no Mar, com mais uma excelente exibição. Abílio, juntamente com o Besirovic, faziam uma dupla fantástica. Era o parceiro ideal no meio-campo?
Fizemos um excelente jogo, contra uma grande equipa, o PAOK. Na Grécia, eles foram mais fortes. O Besirovic era um grande jogador, muito inteligente e com muita experiência. Entendíamo-nos muito bem os dois, complementando aquele miolo com o Odé... faziámos um grande meio campo.


Nessa mesma época o Abílio, passou a ser o treinador, e conseguiu a tão almejada subida de divisão. Enorme festa em Matosinhos, mais uma! Como foram esses tempos?
Bons tempos... custou um pouco deixar aquilo que eu mais gostava, que era jogar futebol, porque na altura que o presidente me fez o convite para treinar, eu era o melhor marcador e estava a fazer uma época excelente. A equipa era muito boa e continuou a ganhar. Subimos de divisão com uma diferença de 28 pontos para o segundo classificado e, todo o plantel, ajudou nesse objectivo, que era a subida de divisão.

Alguma história engraçada que nos queira contar do seu período no Leixões?
Na viagem a Belasica tínhamos que passar a fronteira e a comitiva teve de mostrar a respectiva documentação. No mapa das autoridades locais, não aparecia o país de Cabo Verde, que era o país de origem do Brito. Tivemos uma longa espera, mais de 4 horas, quando, do nada, lá apareceu Cabo Verde no mapa, e lá seguimos a nossa viagem...

Foram vários os clubes por onde passou depois, estando de momento a treinar o Vila FC. Quais os objectivos para futuro?
O futuro a Deus pertence, mas continuar a treinar é o meu desejo. Potenciar atletas jovens com qualidade para serem alguém no futebol português.

Quem é o Abílio hoje em dia?
Um homem apaixonado pelo futebol, com mais maturidade devido ás experiencia que fui adquirindo. Sinto-me bem com o que faço neste momento, que é treinar.

Continua a acompanhar o Leixões? O que prevê para o futuro?
Sim claro. Sempre que posso, assisto os jogos, vejo sempre o resultado, e fico feliz sempre que o Leixões ganha. Tempos difíceis, mas as gentes do Mar, são pessoas de trabalho e com certeza que vão dar a volta à situação atual.

Gostaria de deixar uma mensagem a todos os leixonenses?
Sócios e simpatizantes, como os do Leixões são únicos! Nesta fase difícil, os leixonenses devem estar presentes e unidos para fazer do Leixões o grande Clube que sempre foi, um dos melhores de Portugal.

Para finalizar, quer deixar algum apelo ou comentário sobre o estado atual do mundo, tendo em conta a pandemia?
Não havendo muito a fazer, devemos todos seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde. Temos que ser pacientes e ter esperança no futuro. Temos que fazer o que nos pedem, fiquem em casa.